Impressora 3D; Tinta Solar; BIM; Lean Construction e Construção off-site. São diversas as metodologias que prometem “vingar” em 2023, mas a maior parte delas nem chegou aos ouvidos da maioria dos construtores. Estão perdidos em um mar de “oportunidades”.
Muitos culpam o excesso de tradicionalismo. Outros, o atraso científico. Na realidade, a justificativa é muito mais simples: ainda não possuem amparo jurídico e, em casos específicos, até econômico no espaço atual.
O objetivo desse artigo é destrinchar, com base nos 23 anos de prática e na observação do panorama atual, quais as tecnologias que podem (e devem) prosperar nos próximos anos.
Nesse sentido, o artigo é dividido da seguinte forma:
• O que impede o Brasil a tomar a dianteira?
• E quais as tecnologias do momento?
O Brasil está atrasado?
Para a maioria dos leitores, essa resposta parece óbvia. Todavia, ao contrário do que a cultura nos induz a responder, o Brasil é um dos mais desenvolvidos no que se refere a Tecnologia de concreto. Apesar da carência em construção industrial (Steel-Frame, por exemplo), o país ruma a ser o pioneiro em diversas iniciativas em um dos principais componentes da obra. Alternativas com finalidade ecológica, com materiais reaproveitados, e de alta resistência tem conquistado uma parcela significativa do mercado.
Entretanto, quando se refere a análise de dados e normatização de novas práticas, o Brasil, sim, continua atrasado.
A partir da ART (Anotação de responsabilidade técnica), o engenheiro adquire a obrigação legal de entregar um empreendimento adequado as normas técnicas e de segurança. Mas e quando as normas não se atualizam? O que acontece com as tecnologias emergentes?
O exemplo do Steel-Frame, nesse cenário, se encaixa perfeitamente. Enquanto nos Estados Unidos, o sistema é amplamente disseminado e ocupa 85% do mercado, o Brasil só obteve a sua normatização (NBR) a partir de maio de 2022. Ou seja, até a maior metodologia construtiva americana foi ignorada pela burocracia brasileira.
Quais tecnologias irão bombar?
Não existe bola de cristal. A partir da análise de dados e probabilística é que se pode construir uma previsão mais concreta.
A LetsBuild, empresa destaque global na construção como SaaS (Software as a Service), realizou uma pesquisa com seus diversos clientes, espalhados pelo Reino Unido, União Europeia, Estados Unidos, Ásia e Austrália. A pergunta era bem simples: Quais as maiores tendências para 2020?
As mais citadas foram: Realidade aumentada; Ecossistema de tecnologia da construção; BIM; Construção modular; Concreto autocicatrizante; Drones; Robôs; Nuvem e tecnologia móvel para compartilhamento de projetos; Usos avançados para GPS e Tecnologia utilizável.
E quais dessas podem surgir nos próximos anos?
Realidade aumentada:
Essa já é uma “realidade” atual, principalmente voltada à área de incorporação imobiliária e construção residencial. A partir da utilização de um QR-CODE e um óculos de realidade virtual, é possível obter as imagens de renderização no local exato da obra, obtendo um panorama mais preciso sobre o resultado final.
BIM:
Projetos em BIM (Building Information Modeling) estão se transformando de diferencial para pré-requisito, no rumo da legislação brasileira. Desde 2021, a metodologia é obrigatória em obras públicas de grande porte e, a partir de 2028, será em todas. Basicamente, consiste na integração dos diversos projetos (arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico, etc.) em uma única modelagem 3D. Dessa maneira, previne possíveis inconsistências e permite alcançar a otimização dos processos.
Construção modular (ou off-shore):
Cada vez mais, o clássico concreto armado e alvenaria tem sido substituído por métodos mais eficientes. A MRV, por exemplo, reconhecida por sua eficiência na obra, tem utilizado um modelo de construção “pré-moldada”. A gigante da incorporação adotou um sistema de formas metálicas, em prédios integralmente construídos em concreto, permitindo atingir prazos inimagináveis no método convencional.
Além disso, empresas especializas em Steel-Frame, sistema repetido insistentemente nesse artigo, tem conquistado parcelas significativas do mercado.
Concreto autocicatrizante (ou bioconcreto):
Conforme mencionado anteriormente, no que se refere a Tecnologias de Concreto, o Brasil é uma referência. E, nesse caso, não é diferente. Imitando um comportamento conhecido de um molusco, o Bioconcreto consiste na utilização de bactérias inativas, que causarão a produção da calcita quando em contato com a água. Essa produção, por sua vez, corrige possíveis fissuras na estrutura.
Esse concreto já está disponível para compra no Brasil, ainda por fornecedores selecionados, por um preço 50% superior ao concreto convencional.
Drones:
Segundo a previsão do instituto global MCKinsey Company, até 2030, haverá 57 trilhões de dólares investidos em drones globalmente. Todavia, sem levantamento e análise de dados, os drones tem sua função restrita na fiscalização e acompanhamento aéreo na obra. Enquanto isso, na agricultura, esses equipamentos são utilizados para mapear quase 3.000 hectares em apenas 2 horas. Torna-se, portanto, um potencial desperdiçado.
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