Afirmar que o Brasil é o “país do concreto” não é exagero. Afinal, o material se destaca não apenas como o principal elemento estrutural (dominando cerca de 80% do mercado), mas como uma das tecnologias mais refinadas na construção. Em termos de inovação com o concreto, o Brasil é um dos principais expoentes e exportadores da America Latina e, até, do mundo.
É disso que trata o seguinte artigo. Trata-se de uma metodologia para implementar essa tecnologia para redução de prazos, economia de custos e mais sustentabilidade. Trata-se da visão estratégica por trás de cada proposta e solução ao cliente. E, principalmente, trata-se do teor prático de uma equipe com 24 anos de construção.
CAD: Concreto de alto desempenho
Por definição, o concreto de alta resistência (CAR ou CAD) consiste no compósito com mais de 50 MPa de resistência a compressão, ao invés do convencional entre 20 a 25 MPa. Para isso, torna-se necessário uma série de medidas:
• Adição de sílica ativa: Aumento do teor de hidratação (ganho de resistência), fortalecimento da superfície entre agregado e pasta (principal ponto de ruptura), redução de permeabilidade, carbonatação e reação alcali-agregado (aumento da vida útil).
• Aditivo superplastificante: Aumento da fluidez e uniformização da resistência, mandatório com o uso de sílica ativa.
• Rigorosidade nos materiais: Controle obsessivo com a granulometria, uniformidade e dimensão da areia e brita.
• Método de dosagem: Cálculos alternativos ao convencional, considerando, inclusive, a porcentagem de absorção d’água da brita.
E na prática? Na prática, com exceção dos cuidados executivos, todos esses procedimentos são feitos dentro da indústria de concreto usinado. A função, portanto, do executor se limita na conferência dessas atividades, a partir do ensaio de fluidez (slump-test) e de resistência mecânica (rompimento de 3 corpos-de-prova por caminhão betoneira). Todavia, vale ressaltar que as melhores concreteiras possuem um desvio médio e confiável de até 3 MPa.
Apesar de manter os mesmos procedimentos executivos, a rigorosidade (a partir de 40 MPa) aumenta exponencialmente. Por isso, a necessidade de um progressão das resistências, em um processo de treinamento para uma equipe qualificada.
Como utilizar a tecnologia a seu favor?
Até mesmo dentro de um mesmo projeto, pode haver uma variedade de prioridades. Em um projeto arquitetônico, por exemplo, a redução da área dos pilares e adição de algumas vagas de garagem pode ser definitivo na aprovação na prefeitura. Em uma indústria, por outro lado, o funcionamento deve ser priorizado, visto que o valor da obra pode ser insignificante frente a produção. A tecnologia serve, portanto, para cumprir essas funções, como alternativas ao método convencional em relação a certo objetivo.
Para cumprir com o que foi estabelecido no início do artigo, vamos abordar a empregabilidade do CAD para redução de prazos, economia de custos e sustentabilidade do empreendimento.
• Redução de prazos:
Para isso, vamos utilizar um estudo de caso real, que ocorreu no final ano passado. Durante a parada de fábrica, uma indústria planejava executar uma ampliação na casa de força para regularizar a entrada de energia, sem que houvesse interrupção na produção. A fim disso, o projeto precisava ser executado em apenas 30 dias, sendo que mais de 15 dias seria apenas para cura e escoramento do concreto. Nesse cenário, nossa equipe optou por utilizar o concreto de 40 MPa, para reduzir pela metade o prazo para ganho de resistência, sempre monitorado por corpos-de-prova. Esse é apenas um dos exemplos sobre como o concreto de alto desempenho pode influenciar no cronograma de uma obra.
• Economia de custos:
Quando se trata de projetos com grandes cargas e volumes, na maioria dos casos, a aplicação de CAD pode provocar uma redução no teor da armadura ou, até, na seção dos pilares. Apesar do aumento do custo unitário do m³ de concreto, esse efeito pode compensar o acréscimo, sem considerar com algumas vantagens secundárias como aumento da durabilidade do empreendimento. Para prédios acima de 20 pavimentos, pode-se ainda optar pela utilização de CAD nos primeiros pavimentos e uma redução gradual até o topo do edifício.
• Sustentabilidade:
Conforme ilustrado no parágrafo anterior, concretos de alta resistência podem causar uma redução no volume total do material durante a execução. Nesse sentido, tornam-se mais eficientes na emissão de CO2 e contribuem para o aumento de vida útil do edifício.
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A Obra 7 Engenharia trabalha sob um modelo de assessoria construtiva, totalmente de cortesia. Inclusive, essa é a motivação desses artigos. Trata-se de uma forma de democratizar o conhecimento de engenharia qualificada e contribuir no aumento de qualidade em cada m². Pode chamar nossa equipe!