Just-in-time. O modelo baseado na produção enxuta, inaugurado pela Toyota como contra-ponto ao sistema vigente da época (Fordismo) a partir de 1948, representou um marco para a administração moderna e até hoje é símbolo de uma inovação disruptiva. Como consequência, diversos movimentos adotaram a mesma nomenclatura, como, por exemplo, A start-up enxuta (Eric Ries), publicado quase 70 anos após o início desse movimento.
Nesse cenário, o presente artigo retrata a incorporação desses princípios de administração corporativa dentro do canteiro de obras, mais especificamente, em relação a metodologia Last planner, com seus diversos desdobramentos no cumprimento de prazo e organização do planejamento executivo.
O que consiste o Last planner?
É um sistema de planejamento colaborativo entre as diversas partes envolvidas na execução, desde o planejamento do cronograma até seu monitoramento e controle da produção. O objetivo principal consiste na identificação do caminho crítico e redução do prazo final de obra, o que foi nomeado como pull planning. O mais importante nessa metodologia, todavia, consiste na fiscalização por todas as partes envolvidas do desempenho e produtividade da construção.
Como implantar o Last planner?
A aplicação do sistema consiste na definição de um planejamento em 5 camadas, cada um com seus próprios objetivos, indicadores e conferências.
1. Planejamento mestre:
Consiste no cronograma global e objetivos gerais de cumprimento de prazo. Devido a sua extensão, não possui muito detalhamento e tem como principal objetivo definir as diretrizes do planejamento semanal e por fases.
2. Planejamento por fases:
Consiste nos principais marcos e etapas da construção. A definição desses marcos depende do modelo da obra (vertical ou horizontal, atividades repetitivas ou diversas), caminho crítico e prazo de extensão. Nesse sentido, deve ser respeitado fases claras e de fácil identificação, de modo a servirem seu propósito de alerta em relação a antecipação ou atraso do planejamento mestre.
3. Planejamento semanal:
A partir do planejamento por fases, podem ser utilizadas duas ferramentas para monitoramento semanal:
• Folha tarefa: Planilha com identificação da equipe, local, tipo de serviço, descrição da atividade e quantidade a ser executada diariamente. A execução é planejada sem interferências e com base na produtividade considerada no orçamento da obra.
• Torre de controle: Reunião semanal, de preferência, na sexta-feira, com objetivo de comparar o planejamento semanal com a produtividade real (checkout), os motivos de não-cumprimento e alinhar sobre as diretrizes da próxima semana.
Um dos principais indicadores para esse controle consiste no PPC: Percentual de planos concluídos. Portanto, as metas e melhorias do planejamento semanal devem ser baseadas nessa métrica, que representa um comparativo com o cronograma e a execução.
4. Planejamento diário:
Consiste em uma reunião de 10 a 15 minutos pelo encarregado de obras, técnico de segurança ou engenheiro civil responsável, com objetivo de alinhar sobre as atividades previstas para o dia e elaboração do DDS (Diálogo diário de segurança). Além disso, no final do dia, é elaborado o diário de obra virtual, com uma relação dos serviços executados e imagens correspondentes.
O resultado é uma gestão com mais transparência, de modo a auxiliar na identificação de atrasos e otimizar a elaboração dos relatórios.
Linha do tempo de suprimentos:
Paralelamente a todas as ferramentas de controle apresentadas, a linha do tempo para suprimentos permite identificar os materiais e empresas envolvidas nas diversas etapas da construção e planejar marcos para envio de cotações e fechamentos.
O que isso acrescenta?
Não existe atendimento de prazo e qualidade sem procedimento, conferências e métricas, por isso, cada movimento ou estudo nesse sentido é essencial para refinar a entrega da construtora. Excelência se constrói em obra, como tem construído a sua?
