Itália, Grécia, Egito. Diversos países da atualidade se utilizam de construções históricas para o próprio desenvolvimento econômico e turístico. E não se limita a isso: 6 das 7 maravilhas do mundo são obras da antiguidade. Naquela época, não existiam métodos construtivos ou curso de Engenharia Civil, nem mesmo o concreto existia. Dentro desse cenário, surge a seguinte reflexão: Como essas construções conseguiram durar tanto?
Apesar de resultados de super-estruturas (com dimensionamento superior ao necessário), a questão ainda permanece, principalmente frente aos rompimentos e acidentes quase cotidianos.
Afinal, como construir edifícios duráveis, sem desperdício material e financeiro?
Por trás da literatura
Todo conhecimento aplicável dentro da construção civil possui algum embasamento normativo. E, nesse caso, não é diferente. Segundo a ABNT NBR 15575, a garantia mínima para vida útil de uma estrutura é 50 anos e, mesmo assim, poucos são os edifícios que não apresentam falha na primeira década de existência. Em uma estrutura de concreto, isso pode ser fruto de diversos fatores, entre eles:
• Carbonatação: A partir da porosidade do concreto, há penetração de gás carbônico e reação com hidróxido de cálcio, formando carbonato de cálcio (material expansivo) e causando redução do pH.
• Ataque por cloretos e sulfatos: Na presença de sais, o aço sofre uma grave corrosão, retornando a seu estado natural como minério de ferro e provocando fissuras na concreto.
• Lixiviação e reação da pasta de cimento com agregado: A reação com a água e agregados (RAA) pode aumentar ainda mais a exposição e fissuração da estrutura.
E como prevenir?
A durabilidade por trás de estruturas de concreto leva em consideração três principais aspectos: fator água/cimento da pasta, resistência e cobrimento.
• Fator água e cimento: relação entre as massas de água e cimento utilizado na pasta de concreto, utilizada in loco (betoneira) ou dentro da indústria. Interfere massivamente na porosidade do concreto, que, conforme reforçado nos últimos parágrafos, é a principal causa de deterioração da estrutura por agentes agressivos. Para ambiente urbano, o ideal é adotar o A/C < 0,6; já para ambientes industriais, esse valor pode ser menor que 0,45.
• Resistência: fck (resistência característica de compressão do concreto) possui uma enorme variabilidade a depender da agressividade ambiental. Para ambientes urbanos, a resistência pode atingir até 25 MPa, todavia, para industriais, a resistência ideal do concreto é a partir de 30 ou 40 MPa.
• Cobrimento: espessura da camada de concreto que protege a armadura, de forma longitudinal e transversal. Para indústrias, o cobrimento nominal é a partir de 40 mm, mas, para ambientes urbanos, pode chegar a 30 mm.
E a prática? O que diz?
Com mais de 32 anos de experiência na construção, o engenheiro Jairo Valente da Obra 7 Engenharia tentou descrever de forma breve a centralidade da manutenção preventiva:
“Da mesma forma que um carro, uma estrutura está suscetível a desgaste. Até revestimentos (como mármores, por exemplo) possuem um prazo de validade.”
Além disso, o engenheiro reforçou o cuidado na escolha dos materiais como um dos aspectos centrais para a durabilidade na construção. E não somente isso. O acúmulo de água parada, materiais de limpeza não adequados (com sais) e a ausência de de estudos e sondagens geotécnicas como algumas das principais causas de deterioração da estrutura.