Mais de 3% do PIB mundial é destinado a tratamento e prevenção de corrosão (HAYS, 2015). No Brasil , é responsável anualmente por um gasto de 290 bilhões aos cofres públicos. E na construção civil, reflete uma das principais manifestações patológicas em estruturas de concreto armado.
A exposição de armadura, nesse cenário, pode indicar um avanço significativo e não tratado do processo corrosivo, inclusive, com possibilidade de comprometer a integridade da estrutura. Em outros casos, todavia, pode representar defeitos durante a etapa de construção. Por isso, a avaliação técnica da causa e gravidade torna possível tomar as medidas adequadas, priorizando a segurança e viabilidade econômica.
E é disso que trata o presente artigo. Trata-se de um memorial descritivo incluindo as principais causas e correções no caso de uma armadura exposta, com base no conhecimento executivo de 24 anos de engenharia e acadêmico a partir da leitura de artigos correlacionados.

Quais as principais causas?
Defeitos construtivos:
Entre os principais defeitos durante a construção, estão: ausência de cobrimento adequado e segregação do concreto.
O cobrimento representa a espessura de camada de concreto entre a armadura e o ambiente. Consiste na camada protetora, que, devido a alcalinidade, provoca o apassivamento do aço e previne processos corrosivos. Quando a camada, todavia, não apresenta o tamanho especificado do projetista, inicia-se a reação expansiva e causa o destacamento do concreto até que a armadura esteja exposta.
Já na segregação do concreto, mais conhecido como “bixeira”, a pasta perde sua uniformidade na área de transição com o agregado graúdo, prejudicando suas propriedades estruturais e coesão. Entre os principais motivos por trás das “bicheiras”, estão: má vedação das fôrmas, problemas no lançamento do concreto, traço de concreto incorreto para armaduras densas e, principalmente, mau adensamento do concreto no estado fresco.

Ações químicas:
Ações químicas, de acordo com Souza e Ripper (1998), são uma das principais causas de deterioração em estruturas de concreto armado ao longo de sua vida útil. Os fenômenos químicos mais relevantes incluem a carbonatação, ataque por cloreto e lixiviação.
Carbonatação: consiste em um processo natural, no qual a invasão de CO2 por meio da porosidade do concreto eleva seu pH e quebra a passividade da armadura. Um dos ensaios mais práticos para verificar o seu avanço é a retirada de corpos de provas e aplicação de fenolftaleína.
Ataques por cloretos: consiste em uma das principais causas de corrosão. Íons cloreto possuem a capacidade de romper a camada de óxido protetora das armaduras, o que desencadeia um processo corrosivo acelerado e agressivo. Para verificar a sua gravidade, aplica-se uma solução de Nitrato de Prata na superfície e confere o surgimento de manchas brancas (Medeiros, Réus e Pontes, 2018).
Lixiviação: consiste na invasão de água e aparecimento do hidróxido de cálcio – Ca(OH)2, que é liberado para fora da estrutura, aparecendo assim manchas brancas na estrutura.
Todas as ações químicas envolvem uma mesma propriedade do concreto: porosidade. A utilização de concreto de alta desempenho (CAD) em ambientes agressivos, nesse sentido, é fortemente recomendada.

Como corrigir?
Nesse cenário, existem duas possibilidades de restauração: recuperação ou reforço estrutural.
Recuperação surge quando a peça possui ainda suas propriedades conservadas e, portanto, é preciso apenas preservar as condições originais. Reforço, por outro lado, ocorre quando a seção não consegue suportar a carga prevista em projeto e, por isso, torna-se necessário medidas complementares.
Entre as principais maneiras para reforçar a estrutura, estão:
– Aumento da seção e da armadura (Encamisamento).
– Reforço com chapa metálica.
– Reforço com manta de fibra de carbono.
Para detalhar o método executivo de cada uma delas, vai ser destinado um artigo exclusivo, especificando, inclusive, onde obter todos os materiais envolvidos.
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