PBQP: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. A partir de 1971, o governo federal inaugura uma campanha extensiva para garantir a qualidade na construção brasileira, interferindo desde a qualificação da mão de obra até um aumento da rigorosidade com os materiais. Esse período foi marcado por uma procura intensa a novos sistemas construtivos, visto que o tradicional concreto armado e alvenaria permitia maiores possibilidades de erros e vícios construtivos (OLIVEIRA, 2013).
Dentro desse contexto, a alvenaria estrutural iniciou uma ascensão exponencial. Com a primeira obra inaugurada em 1966 (Edifício Central Parque da Lapa), o sistema guardava semelhanças com a metodologia convencional, mesmo com a ausência de vigas e pilares. O seguinte artigo tem como objetivo detalhar sobre as principais vantagens e desvantagens do sistema, com base em 4 estudos de caso, além da visão estratégica de uma construtora que já a empregou em diversos orçamentos.
• O que é a Alvenaria Estrutural?
• É mais barato que o método convencional?
• Quais as dificuldades de implementação?
O que é a Alvenaria Estrutural?
Alvenaria estrutural consiste em um sistema de estrutura auto-portante, ou seja, em que a parede serve tanto como estrutura quanto vedação para a obra. Para cumprir essa função, torna-se necessário patamares mais elevados de execução e planejamento na etapa de alvenaria. Por exemplo, um erro de prumo (inclinação com a base), que seria corrigido normalmente com revestimento, não pode ser tolerado em termos estruturais. Esquadro (ângulo entre paredes), em outro exemplo, torna-se igualmente essencial, visto que isso alteraria o comportamento do pórtico. Nesse cenário, alvenaria estrutural exige qualificação de mão de obra.
E não apenas isso: a etapa de projeto é igualmente fundamental. Como esse método não permite quebras em paredes, um projeto compatibilizado com as diversas instalações é pré-requisito.
É mais rápido e barato que o método convencional?
Quando o assunto é engenharia, envolve análise estatística. Muito mais do que avaliar a aplicação teórica do sistema, torna-se necessário investigar empresas que já executaram e possuem um comparativo adequado. Pensando nisso, nossa equipe buscou dois estudos de caso: um edifício com 15 pavimentos de 1051,5 m² e uma construção de casa popular. Dessa forma, temos uma comprovação da eficiência do sistema em, praticamente, qualquer perfil de obra. Nos dois estudos, a comparação de preços foi realizado pelo SINAPI, de modo a padronizar a composição de custos.
Na construção predial, para traçar um comparativo com o sistema tradicional, utilizamos um outro edifício, com 837,16 m² executado em concreto armado e alvenaria. Os resultados foram impressionantes. O preço do material de alvenaria estrutural foi 38,8% mais barato por m², principalmente atribuído a redução de desperdícios e consumo com concreto e armadura. Apenas em aço, o sistema teve uma economia de de 67% (22,64 kg/m² para 7,61 kg/m²), enquanto no concreto, 50,7% de redução (0,215 m³/m² para 0,106 m³/m²).
Na construção de uma casa popular, apesar de uma certa distinção dos valores, essa tese se comprovou. Para um mesmo projeto, adotando os dois sistemas, houve uma diferença de 36,6% no custo com a superestrutura.
Quais as dificuldades de implementação?
Qual o preço para ter esse benefício? As principais limitações do sistema estão relacionados às suas características fundamentais. Ao utilizar as paredes como estrutura do empreendimento, não permite qualquer quebra ou reforma das paredes, visto que prejudicaria a integridade do pórtico. Além disso, limita o tamanho dos vãos e, dependendo da complexidade do projeto, é inviável sua execução. Ainda, a dificuldade em adquirir mão de obra qualificada pode prejudicar o período de mobilização.
Em contraste, com base nos dados obtidos anteriormente, a alvenaria estrutural consiste em uma metodologia consistente não apenas na redução de custos, mas em diminuição de desperdícios e otimização de material. Soma-se isso com um consumo inferior de ferro e concreto por m² (menos da metade), pode-se atribuir sustentabilidade como um dos diferenciais do sistema. Outro aspecto não mencionado nos estudos, a redução de prazo tem sido um dos principais benefícios do método.