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Obra 7

Construção em EPS: Análise objetiva das vantagens e desvantagens

Reconhecido como um dos maiores eventos de construção civil da América Latina, a Feicon introduz ao mercado as principais vertentes e tecnologias que prometem dominar o varejo todo ano. Na edição de 2023, entretanto, um método se destacou entre os mais de 700 expositores: o sistema construtivo em EPS, ou, simplesmente, construção em isopor.

Recebendo o reconhecimento de maior inovação no varejo, o método ainda possui baixa aderência no Brasil, frente ao tradicional concreto-armado e alvenaria, ao contrário em economias mais maduras, como Canadá e Estados Unidos. O objetivo do presente artigo é traçar um comparativo com o sistema tradicional, com isso, discorrendo sobre metodologia executiva, preço, prazo, vantagens e desvantagens, com base em dois estudos de casos localizados em regiões distintas do país.

O que é EPS na construção?

Apesar da utilização de isopor ter mais notoriedade em lajes pré-moldadas, nesse artigo, será extensivamente descrito o Sistema monolítico, com emprego do material como sistema de vedação e estrutura auto-portante. Essa metodologia, cujas primeiras aplicações no Brasil remontam aos anos 90, consiste no uso duplo de painéis em EPS, que se estabilizam entre si por conectores transversais, concreto e armadura. Em específico, o método mais citado será o iForms (ganhador do prêmio na Feicon), cuja tecnologia permitiu uma simplificação do EPS na construção.

Segundo esse sistema, a montagem das paredes é realizada pela integração de módulos de isopor com 0,5 m² e 1,5 kg. Para isso, são utilizados vergalhões para demarcar e ancorar com a fundação. Logo após a alocação dos módulos, são preenchidos com concreto, resultando em uma estrutura mais resistente que a convencional, com capacidade de suportar terremotos e até furacões.

Qual o custo do metro quadrado?

Para fins comparativos, a Obra 7 utilizou dois estudos de casos em regiões distintas do país, avaliando a interferência do modelo com o custo e prazo de diversas etapas da obra, desde a fundação até o acabamento cinza (reboco).

O primeiro estudo refere-se a uma construção residencial de alto padrão, com 197 m², em uma área nobre da cidade. Para alcançar uma análise objetiva, nesse estudo, foram efetuados os projetos arquitetônicos e estruturais para ambos os sistemas. O orçamento foi obtido por uma mesma empresa especializada nos dois métodos, que se dispôs a levantar os quantitativos e custos dessas abordagens. O resultado está ilustrado nas imagens abaixo.

Conforme pode ser observado, o sistema construtivo monolítico em EPS causou uma redução de 12,61% do custo global do empreendimento, quando comparado com concreto armado e alvenaria. A principal diferença se deu na superestrutura, cujas paredes cumpriram a função de pórtico e vedação para a residência. Além disso, houve uma redução significativa na infraestrutura, em que foi optada pela fundação “radier”, devido a diminuição na carga das paredes. Isso ocasionou, inclusive, menos custos na etapa de contrapiso

Um dos resultados surpreendentes do estudo, entretanto, se deu durante a etapa de “Paredes”: a utilização de isopor provocou uma produtividade 3 vezes superior. Enquanto uma parede de alvenaria convencional obteve um desempenho de 0,43 h/m², o novo sistema conseguiu atingir o patamar de 0,15 h/m².

Todavia, a construção ressaltou dificuldades relevantes ao questionamento do processo construtivo. A dificuldade na obtenção dos painéis e a exigência de mão de obra especializada atrasou os resultados da pesquisa preliminar, e isso poderia se tornar ainda mais significativo em obras de maior porte. Além disso, para as etapas de revestimento com chapisco, reboco e emboço, um aditivo foi necessário para a argamassa possuir mais aderência a superfície e, nesse caso, foi jateado.

Dentro de todo esse cenário, o segundo estudo de caso teve a função de corroborar as teses obtidas no último ensaio, além de apresentar novas perspectivas. Apesar de consistir em um projeto similar (casa de alto padrão localizada em região nobre), o sistema monolítico em EPS foi utilizado em conjunto com o concreto armado e, portanto, possui função única de vedação (e não estrutural).

A partir desse formato, obteve-se uma economia de aproximadamente 8% do custo global, redução de 27 pilares para 8 e redução de 1 tonelada e meia de aço.

Conclusão sobre o sistema

Apesar de possuir um mercado ainda incipiente, o sistema construtivo em EPS constitui uma alternativa para economia na mão de obra, organização no canteiro de obra, melhor trabalhabilidade dos funcionários e aumento da vida útil do edifício, quando bem executado (JUNIOR, 2018). Segundo o primeiro estudo, observou-se não apenas redução dos custos na construção, como mais eficiência no prazo e um melhor desempenho térmico/acústico (MENDES, 2021). Por outro lado, o segundo estudo evidenciou a sustentabilidade e economia de materiais como um dos fatores preponderantes, além do aumento dos vãos devido a queda da carga.

Dentre tantas vantagens, a dificuldade na distribuição de materiais e disseminação treinamento para mão-de-obra, somados a uma cultura tradicional e a ausência de uma normatização dinâmica no Brasil, tornaram-se os principais fatores para a construção em isopor ainda não possuir uma porção relevante do mercado. Assim como diversas iniciativas, como construção modular e steel-frame, o sistema compete contra os construtores desinformados. A Obra 7, todavia, não pertence a eles.