Concreto armado ou protendido, estrutura metálica ou steel-frame, construção pré-moldada ou modular. Estruturas abrangem um universo próprio dentro da engenharia civil, e o surgimento de novas metodologias torna isso cada vez mais concreto. Resultado dessa variedade, a definição do sistema construtivo adquiriu um papel fundamental na economia, eficiência e durabilidade de uma construção.
O conhecimento tem substituído a especialização de uma única metodologia e o orçamento de obra deu lugar a assessoria na construção. Por isso, o presente artigo tem como objetivo elaborar um roteiro, discriminando de forma prática a análise de uma equipe com mais de 23 anos na construção industrial. Afinal,
Quais fatores devem ser analisados na definição de um modelo estrutural?
Por que discutir estruturas?
Segundo o estudo “Cost Planning of Buildings” do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS), do Reino Unido, apresenta uma metodologia de estimativa de custos para construção de edifícios, que inclui o cálculo do custo da estrutura em relação ao valor global da obra. O documento sugere que o custo da estrutura pode variar de 25% a 40% do valor total da obra, dependendo do tipo e da complexidade do edifício.
E não se limita isso: discutir estruturas é estabelecer prioridades. Afinal, cada sistema construtivo possui suas vantagens, caso contrário, não existiriam. Contudo, não é função desse artigo discorrer sobre os benefícios de cada método, mas estabelecer critérios técnicos e exemplos reais que podem ser aplicados na sua obra.
Como definir o melhor sistema?
Pensando em atingir os objetivos descritos anteriormente, a estrutura foi composta discriminando as prioridades e explicando sistemas construtivos reais mais adequados para cada tipo de caso. Novamente, a intenção não é se limitar em teorias abstratas, mas em estudos de casos já construídos. Dessa forma, a leitura se torna mais dinâmica.
1. Redução de custos:
Acredito que essa seja a prioridade nº 1 da absoluta maioria dos visitantes. Afinal, desde uma obra residencial até de uma nova indústria, economia é o fator decisivo na contratação e sucesso de um empreendimento. Todavia, generalizar otimização de gastos não é nada eficiente. Afinal, ignora as individualidades de cada empreendimento. Mesmo assim, dois sistemas construtivos se destacam:
• Concreto armado convencional:
Apesar de consistir no método mais artesanal, não é por acaso que é o mais econômico. É o sistema que exige a menor qualificação da mão de obra e, por isso, para obras de pequeno a médio porte, a agilidade de mobilização e o custo reduzido dos colaboradores podem fazer a diferença.
• Alvenaria estrutural:
Em residências “Minha casa, minha vida”, principalmente com a fundação radier, a estrutura auto-portante tem sido amplamente empregada, pela eficiência em construções padronizadas. Apesar de requerer mão de obra especializada, esse sistema se destaca pela produtividade em obras pequenas em grande escala.
2. Otimização do tempo:
Em contexto empresarial, tempo significa (literalmente) dinheiro. Por isso, em diversas ocasiões durante nossos 23 anos, a redução do prazo foi um fator mais relevante que a economia. Nesse cenário, surge um destaque para a industrialização da construção ou construção off-site. Trata-se de um sistema para “transporte” de alguns processos do canteiro para dentro do ambiente fabril. Entre eles, se destacam:
• Construção pré-moldada:
A técnica é utilizada principalmente em obras de grande porte, como edifícios comerciais, galpões industriais e pontes. Consiste, basicamente, na produção de peças estruturais de concreto dentro da fábrica. Dessa forma, a construção do edifício se torna nada mais que o “encaixe” dessas peças. Assim, um barracão com mais 1000 m² pode ser construído em menos de um mês.
• Estrutura metálica:
A construção “a seco” (sem a utilização de concreto) também se destaca. Por evitar o atraso associado ao compósito de cimento, o prazo de utilização da estrutura não fica limitado. Além disso, consegue suportar vãos maiores e torna o canteiro mais organizado.
3. Sustentabilidade:
Apesar de ser o único fator recente da lista, é um dos principais indicadores na tomada de decisão. Essa iniciativa se dá, principalmente, ao pioneirismo de grandes corporações (Boticário, Natura, entre outras), que submetem seus fornecedores a adotarem tais medidas.
• Steel-frame:
Empregado apenas em pequeno e médio porte, com custo ainda mais elevado que os demais, o sistema consiste na formação de um “esqueleto” de perfis metálicos galvanizados, com espessura inferior a estrutura metálica. Dessa forma, minimiza a carga sobre as fundações (otimização de material) e a estrutura se torna quase integralmente reciclável.
• EPS:
Mesmo menos conhecido, a construção em EPS (Poliestireno expandido) se destacou na última edição da Feicon como o estande mais inovador entre os milhares de fornecedores. Todavia, esse método ainda predomina em São Paulo.
4. Dinâmica do espaço:
A análise contextual é essencial para determinar durabilidade (frente a variabilidade do ambiente) e valorização do espaço. No contexto predial, por exemplo, a redução da área consumida pela estrutura no subsolo pode ser definitivo para adicionar algumas vagas de garagem. Por isso, em alguns casos, realizam estudos para aplicar uma estrutura em CAR (Concreto de alta resistências). Já em um ambiente de fábrica, em outro exemplo, desejam construir uma sala administrativa dentro do pátio, a fim de fiscalizar as atividades. Nesse cenário, cabe uma estrutura reaproveitável e a divisória naval pode ser mais adequado.
E como descobrir o melhor?
Anteriormente, descrevemos a diferença entre orçamento e assessoria de obra. Orçamento nada mais é que um levantamento de custos, quantificando com base em projetos e estabelecendo preços com base em fornecedores. Todavia, assessoria vai muito além disso. Trata-se de se envolver durante o período de concepção do empreendimento, contribuindo para sua formação sem qualquer compromisso. O resultado é um projeto mais técnico, produtivo e adequado a suas prioridades.
E para começar a sua, nesse caso, basta uma ligação.